Nova subfamília de Ephemeroptera

Foto de um fóssil de um inseto. O seu corpo, que varia de avermelhado a marrom escuro, está levemente curvado para a esquerda da foto. Suas asas, principalmente as duas anteriores, estão abertas e bem visíveis. Ele está em um calcário de cor acinzentada.

Foi publicado o primeiro artigo fruto da dissertação de mestrado da Arianny. Leia mais clicando no título desta chamada e clique aqui para o artigo.

Pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo/UFES, Universidade Regional do Cariri/URCA e da Universidade Federal de Viçosa/UFV publicaram hoje um artigo descrevendo um novo fóssil de inseto aquático encontrado na unidade geológica denominada Formação Crato, pertencente à Bacia do Araripe, localizada no sul do estado do Ceará. O trabalho é fruto da pesquisa de mestrado de Arianny Storari, realizada no Programa de Pós-graduação em Ciências Biológicas da UFES, onde ela atualmente cursa o doutorado. O fóssil é um representante da Ordem Ephemeroptera, também conhecidos como efêmeras, que são insetos voadores que vivem poucos dias durante sua vida adulta, às vezes até minutos. Durante a sua fase larval as efêmeras são aquáticas.

O novo fóssil foi coletado no município de Nova Olinda por uma equipe de paleontólogos da URCA. Trata-se de um inseto adulto que representa, além de uma nova espécie, um novo gênero e também uma nova subfamília, dadas suas peculiaridades. A rocha onde o fóssil foi encontrado é datada do Cretáceo Inferior, entre 113 e 125 milhões de anos atrás, quando a África e América do Sul ainda estavam se separando. O fóssil, que foi incluído na família Oligoneuriidae, foi nomeado Incogemina nubila, que significa geminação incompleta em latim, referente ao padrão das veias de suas asas. O termo nubila significa nublado, dada a coloração acinzentada do calcário em que o fóssil se preservou. Segundo o entomólogo Frederico Salles, "A distribuição das veias das asas de Incogemina combina um padrão no qual algumas veias longitudinais tendem a se juntar, como na maioria dos representantes da família Oligoneuriidae, com um padrão ancestral, típico das demais efêmeras. Essa é principal característica que faz essa nova espécie ser única".

Os fósseis desta ordem de insetos aquáticos são abundantes na Formação Crato, porém aqueles da família Oligoneuriidae, em particular, são muito raros. Este é apenas o segundo fóssil de um adulto desta família encontrado no mundo, e os pesquisadores constataram que um outro fóssil conhecido e reportado na literatura também representa a espécie Incogemina nubila. "Uma das explicações para a escassez de fósseis desse grupo pode se dar pelo seu hábito de vida. Durante a fase jovem, a maioria das larvas da família Oligoneuriidae vivem em ambientes com fluxo d'água corrente. Esse tipo de ambiente não é propício para a preservação de um inseto tão delicado, dado que a correnteza destruiria suas partes mais sensíveis, dificultando a fossilização", explica a pesquisadora Arianny Storari.

A paleontóloga Taissa Rodrigues destaca que o espécime no qual Incogemina nubila foi baseado é um dos poucos fósseis da Bacia do Araripe do qual se conhece a proveniência. “Apesar de outras espécies de efêmeras serem conhecidas para este depósito fossilífero, elas foram coletadas de forma ocasional, e não há nenhuma informação sobre o local do achado. Como conhecemos o local onde a Incogemina nubila foi encontrada, é possível planejar coletas para buscar mais fósseis dessa espécie rara”.

"Agora que a primeira escavação controlada na Formação Crato foi realizada pela equipe do Laboratório de Paleontologia da URCA, certamente novas informações acerca da evolução das efêmeras devem surgir, além de dados sobre o ambiente pretérito da Formação Crato, área de intensa exploração do calcário laminado”, explica o paleontólogo Álamo Saraiva. Informações obtidas através da análise desses insetos tão abundantes podem dizer muito sobre o ambiente em que essa paleobiota viveu e até sobre estresses climáticos que eles possam ter experimentado, principalmente suas larvas aquáticas. Hoje em dia, muitos representantes desse grupo são considerados importantes bioindicadores de qualidade da água, já que são sensíveis às variações do meio onde vivem.

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